Alma 22

Na semana passada, fui alta e satisfatoriamente produtivo. Fiz cursos, trabalhei, 'rotinei', escrevi artigos, resolvi 'mistérios' etc. Isso tudo, no entanto, não me poupou de experimentar certa tristeza de quinta-feira à noite até sábado. O lado 'sombra' da solitude ecoou mais forte. De alguma maneira, ali estava eu usufruindo vivências fantásticas sem ter alguém, em especial, com quem compartir. Não preciso dizer que sou agraciado por ter família e amigos. Contudo, não se trata(va) disso.

O domingo começou diferente. Sem rotina. Preguicinha pra levantar. Nem banho tomei ainda. Fiz e tomei café. Tive um insight sobre relacionamentos. Compartilhei. Relembrei um 'amor' interrompido pela morte. Ouvi 'a nossa música' e, no meio disso tudo, um vídeo sobre o filme "Soul", uma animação em 3D americana produzida pela Walt Disney e pela Pixar, chamou a minha atenção.

Já disse em outros textos como admiro a forma como assuntos humanos complexos são elaborados de modo leve, didático e até cômico nesses 'longas para crianças'. O vídeo me inspirou a assisti-lo. Escureci a casa como um cinema - há tempos não fazia isso! Em suma, trata-se da história de Joe Gardner, um professor de música do ensino médio que sonhava em ser um músico de jazz, mas que quando finalmente tem a chance de impressionar outros artistas durante um ensaio aberto, sofre um acidente. Isso faz com que sua alma seja separada de seu corpo e transportada para um centro no qual as almas se desenvolvem e ganham paixões antes de serem transportadas para um recém-nascido. Joe deve, então, mentorear a "Alma 22", uma alma em treinamento, com uma visão obscura da vida depois de ficar presa por anos, a fim de retornar à Terra.

Reflexões que se somam às minhas pessoais. Vida, propósito, missão... o reencontro com a nossa criança interior e a conexão com os 'adultos' que nos tornamos. Enfim, mais uma vez, numa viagem proporcionada pela sétima arte, tenho a oportunidade de me refazer, de meditar, de escrever, de me curar.

Raul Roland